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08/09/2020 Depressão não é frescura! – Saiba o que é, Sintomas e Dicas para Diagnosticar
Depressão não é frescura! – Saiba o que é, Sintomas e Dicas para Diagnosticar

A depressão é um assunto que vem crescendo muito nos últimos anos. Cada vez mais os casos de depressivos aumentam no mundo, e os dados de 2017 da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam mais de 322 milhões de deprimidos em todo o mundo. Segundo a Organização, a doença causa cerca de 800 mil mortes por ano, contando com um alto nível de suicídio. Os casos são tantos e tão crescentes, que a doença foi considerada como o mal do século. Mesmo em meio a todo esse cenário, ainda vemos pessoas fazendo piadas, rotulando os depressivos como fracos, e o pior de tudo, dizendo que depressão é frescura.

Mas afinal, depressão não é frescura?

A depressão é comumente vista como frescura pelo senso comum. É uma visão equivocada e restrita de uma doença muito séria que vem acometendo cada vez mais pessoas com o passar dos anos.

Principalmente por ser algo que vem crescendo nos últimos anos e que até então não era muito debatido no ambiente público.

Os sintomas podem ser vistos como um sinal de fraqueza ou tristeza temporária. E, por conta dessa falta de informação da população num geral, a doença acaba sendo vista e taxada como frescura.

Para esclarecer a seriedade e a realidade dos pacientes que sofrem do transtorno, vamos tratar nesse texto sobre seus principais aspectos.

O que é depressão?

O transtorno depressivo é um distúrbio mental frequente, que afeta os sentimentos do paciente. A pessoa passa a ter sentimentos negativos sobre quem ela é, com diminuição da autoestima, falta de prazer em atividades que antes seriam prazerosas, e em casos mais sérios havendo o questionamento sobre a vida, com pensamentos suicidas.

Os principais sintomas que a doença apresenta estão listados abaixo:

Sintomas

  • Manter-se triste durante a maior parte do dia, frequentemente
  • Perda do interesse em atividades rotineiras
  • Excesso ou falta de sono
  • Perda ou ganho de peso
  • Irritação e cansaço o tempo todo
  • Fraqueza
  • Sentimentos de inutilidade, culpa e falta de esperança
  • Dificuldade para se concentrar, tomar decisões ou se lembrar das coisas
  • Pensamentos frequentes de morte e suicídio

Causas

1. Fatores genéticos

Caso na família já hajam pessoas com histórico depressivo ou com outras formas de transtornos mentais (transtorno de ansiedade, transtorno bipolar, demência, esquizofrenia) a pessoa pode ter mais propensão a desenvolver um quadro depressivo.

2. Circunstâncias da vida

Os acontecimentos que a pessoa tem vivido também influenciam fortemente no caso da depressão. Casos como pressões socioeconômicas da família ou amigos, uma rotina de trabalho muito desgastante e estressante podem ser alguns exemplos. Esse fator é um dos principais na hora de taxar a depressão como frescura.

Outro ponto que tem chamado muita atenção dos estudiosos é o caso dos estudantes universitários, que tem apresentado crescimento nos quadros de depressão. Um estudo realizado pela psicóloga Fernanda Brenneisen Mayer em seu doutorado pela faculdade USP, realizado em 22 universidades por todo o país, revela que 41% dos estudantes de medicina apresentavam sintomas depressivos. Como causa, estão entre eles a privação do sono, a falta de tempo e excesso de carga horária (até mesmo para os estudos) e falta de atividades físicas.

Quer saber mais sobre depressão nos estudantes de medicina? Clique aqui.

3. Traumas psicológicos

Juntamente com as Circunstâncias da vida, esse fator é muitas vezes visto como frescura. Principalmente as pessoas com mais idade, acabam julgando a depressão apenas como uma reação exagerada do paciente aos acontecimentos da sua vida.

Se encaixam situações que aconteceram e que marcaram emocionalmente a pessoa, de forma muito forte e negativa.

Alguns exemplos seriam agressões físicas ou verbais dos pais ou cônjuge e abuso sexual.

4. Abuso de substâncias

O álcool é uma das substâncias mais comuns entre os depressivos. A substância causa um efeito de prazer, euforia e alívio momentâneo, porém, posteriormente causa um efeito depressivo no cérebro e que ajuda a agravar o caso.

Depressão não é frescura

Prevenção

Para prevenir a depressão, é importante que seja levada uma vida saudável, tanto fisicamente como mentalmente.

Abaixo estão alguns exemplos de situações que ajudam na prevenção da doença:

Possuir uma dieta equilibrada

A alimentação ajuda na produção de serotonina, neurotransmissor que ajuda na regulação do sono, apetite, ritmo cardíaco e humor.

Apoio social

Ter um bom ambiente de trabalho, com pessoas que você goste. Ter laços fortes com a família e amigos, pessoas que você pode contar e que se importam com sua saúde. É importante também para poder conversar sobre seus sentimentos, suas angústias e medos.

Manter uma vida ativa

Manter-se ocupado com tarefas que lhe tragam satisfação.

Um bom exemplo disso são os esportes, muito importante para a saúde mental e física. Com a prática de esporte, o corpo libera dopamina na corrente sanguínea e ela traz a sensação de prazer e bem-estar. Já na parte mental, podemos contar com esportes coletivos e a socialização durante a prática.

Olhar para o passado com prudência

Tentar abstrair as experiências boas que já foram vividas, e caso tenham traumas (rompimentos, abusos) deve-se buscar um profissional para superar esses ocorridos.

Tratamento

Remédios antidepressivos

Como eles atuam no sistema nervoso

Quando se tratam de remédios antidepressivos, existem algumas categorias, iremos explicar duas delas abaixo:

Antidepressivos tricíclicos (ADTs)

Esses antidepressivos são responsáveis por aumentar a concentração de neurotransmissores, especialmente a serotonina, dopamina e norepinefrina, aumentando sua disponibilidade na fenda sináptica. Eles são responsáveis por inibir a recaptação neuronal.

Inibidores da MAO (Monoamina oxidase)

As enzimas monoamina oxidase são produzidas no nosso corpo e são responsáveis por destruir as monoaminas (neurotransmissores ligados ao humor). O remédio dessa categoria é responsável por suprimir essa enzima, fazendo com que aumente a concentração das monoaminas.

Efeitos colaterais

Os remédios antidepressivos, mesmo os mais modernos, ainda apresentam efeitos colaterais para o paciente. Os mais comuns são:

  • Disfunção sexual
  • Boca seca
  • Náuseas
  • Cefaléia
  • Obstipação
  • Tonturas

Rotina diária

Uma das estratégias mais comuns entre os psiquiatras, é definir uma rotina com horários certos para cada atividade. Estabelecer uma hora para acordar, para praticar atividades físicas, para trabalhar, para o lazer. Isso mantém a cabeça do paciente ocupada e com o dever de cumprir todas as atividades diárias.

Mudar a perspectiva dos pensamentos

Quem está com depressão geralmente pensa assim:

  • Desvaloriza as conquistas
  • Sentimento de inferioridade

Nesse caso, para reverter isso, deve-se mostrar que nem sempre o motivo de seus fracassos ou falhas foi exclusivamente da pessoa. Valorizar as qualidades e habilidades do paciente.

Apoio familiar

O apoio familiar é extremamente importante para ajudar o paciente. Mostrar-se presente, que se importa com a pessoa, e querendo a ver bem.

Nesse caso, deve orientar os familiares, geralmente os que não estarão tão próximos, a evitarem perguntar ao paciente para que servem as pílulas, ou porque ele precisa do tratamento. Podem ocorrer também brincadeiras e comentários dizendo que depressão é frescura ou fraqueza da pessoa. Esse tipo de comentário deve ser totalmente evitado.

Instruir os familiares que se tiverem alguma dúvida, perguntem ao médico e não ao paciente.

Fazer algo que tenha impacto nas outras pessoas

Entre as atividades, pode ser incluído alguma atividade que o paciente ajude outras pessoas com pequenos problemas. Isso pode melhorar a autoestima, fazendo-o sentir-se útil naquela situação.

Alguns exemplos seriam:

  • Consertar algo na casa de algum amigo
  • Fazer comida para pessoas carentes
  • Fazer tricô/roupas para pessoas de rua
  • Trabalhos voluntários

Dificuldades para fazer o diagnóstico

Para os profissionais da saúde, surgem algumas dificuldades na hora do diagnóstico, citaremos algumas delas aqui:

  • As pessoas têm dificuldade para admitir que estão com depressão porque os sintomas são vistos como “sinal de fraqueza” ou frescura. Isso faz com que elas não procurem um profissional, ou façam isso tardiamente.
  • As pessoas estão familiarizadas com os sentimentos envolvidos na depressão, e por isso não conseguem identifica-la como doença.

Como fazer o diagnóstico no paciente

Depressão não é frescura

O diagnóstico não consegue ser confirmado ao menos que tenham vários dos sintomas aparecendo de forma regular, num período de duas semanas.

Para os casos de depressão mais profunda, que podem levar a pensamentos suicidas, há algumas formas de abordar o paciente para que ele sinta mais abertura para falar sobre:

  • Descobrir se a pessoa possui um plano para cometer suicídio
  • Identificar se a pessoa possui os meios para tirar sua vida
  • Descobrir se a pessoa fixou uma data
  • Perguntar se já houveram tentativas anteriores

Quanto mais avançada pessoa estiver nesses quesitos, maior a chance de ela cometer o ato contra sua própria vida. Com base nisso, deverão ser tomadas medidas diferentes para cada cenário.

Como proceder com o paciente em casos de suspeita de atitudes suicidas

Perguntar ao paciente sobre seus planos, ao contrário do que é falado, é uma forma de fazer o paciente se abrir e sentir-se ouvido. Falar sobre o suicídio não é um incentivo. Como se trata de um tema delicado, o tato na hora de fazer essas perguntas e ir progredindo de forma gradual, são pontos fundamentais:

Como perguntar?

  • Você se sente triste ultimamente?
  • Sente que não são preocupam com você?
  • Sente que a vida não vale mais a pena?
  • Você sente que o suicídio seria uma saída?

Quando perguntar?

Essa parte também é fundamental. É essencial que seja estabelecida uma relação com o paciente anteriormente. Depois de gerada uma conexão, a pessoa se sente mais confortável e propensa a falar sobre o que está sentindo.

Alguns exemplos que ilustram essa situação:

  • Quando a pessoa está compartilhando seus sentimentos negativos abertamente;
  • Fazer ela perceber que você não está ali para julgá-la, mas sim para entendê-la e ajudá-la.

Algo que você também deve ter em mente…

  • Fazer com que a pessoa prometa que não irá cometer suicídio sem antes comunicar a equipe de saúde, ou por um período de tempo. Isso fará com que ela gere um compromisso e não queira descumpri-lo.
  • Não julgar as pessoas que irão apoiar a pessoa depressiva, sem acusá-las ou fazê-las sentirem culpa.

Tipos de depressão

Depressão maior

É o tipo de depressão clássico. Apresenta os sintomas que foram apresentados acima, como a falta de prazer em atividades que antes o seriam, baixa autoestima, pensamentos de morte.

Transtorno afetivo sazonal

Esse tipo de depressão acontece quando os dias ficam mais curtos, no inverno ou outono. Seu comportamento muda resultante do da mudança na sensibilidade dos olhos em relação a luz. Acontece com mais frequência em países com pouca incidência de luz solar e mais frios, como os países da Europa e da América do Norte.

Depressão pós-parto

Esse é um tipo de depressão que atinge exclusivamente as mulheres e pode acontecer durante a gravidez ou até 12 meses após o parto. O desequilíbrio hormonal é uma das explicações.

Psicótica

O paciente possui alucinações auditivas ou visuais, e envolve o pensamento de pecados e atos como crimes imperdoáveis que o paciente tenha cometido.

Quem está sofrendo mais com a depressão?

  • Pode afetar todas as idades, mas a pessoas que possuem mais propensão estão na faixa dos 15 aos 29 anos, ou com mais de 60 aos.
  • As mulheres em geral também entram nesse quadro. Elas possuem mais propensão para desenvolver a doença. Algumas causas que podem ser atribuídas é a oscilação hormonal por conta da menstruação, a gravidez e a menopausa.

Fonte: https://iptc.net.br/depressao-nao-e-frescura/

Uma resposta para “Depressão não é frescura! – Saiba o que é, Sintomas e Dicas para Diagnosticar”

  1. Como profissional de educação física, ajudei muitos a melhorarem a insônia e a depressão com a prática de exercícios físicos e melhor alimentação.

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